Europa 2014/2015 (parte 3: Munique)

Esse post faz parte de um texto divididos em 5 partes sobre a minha viagem à Europa. As partes 1 e 2 podem ser lidas aqui: Berlim e Praga.

29 de dezembro, Munique

Depois de uma longuíssima viagem de trem, que incluiu mil vezes a mudança de todos os meus companheiros de compartimento, cheguei a Munique. Noite cerrada, bastante neve e muito frio. Acho que eram umas 20h. O albergue felizmente era muito perto da estação de trem. Bastava atravessar a rua e andar uns míseros metros, uma beleza.

Foi nesse dia em Munique que comecei a ver o lado nada glamouroso da neve. Sim, floquinhos de neve são lindos, uma perfeição da natureza. Só que quando a neve acumula nas ruas, fica imunda. Preta. Mistura com poeira, terra e fica uma meleca. E o chão congela, tornando o simples caminhar uma tarefa complicada. Escorregar é lei. Um saco. e imagine arrastar uma mala grande nessa situação… Péssimo.

O albergue foi o Wombats Munich. Dessa vez mandei o conforto às favas. Fiquei 5 noites em um quarto misto com 8 camas e apenas um banheiro (QUE BELÍSSIMO INFERNO é um banheiro para OITO filhosdaputa). Paguei €137 pelas 5 noites, meio carinho. Mas Munique é meio cara, mesmo. E meio esnobe. E 5 noites foi demais.

Tirando o problema da falta de banheiros, era um bom hostel. Staff bacana, um bar gostoso e espaçoso no térreo, quarto grandão, excelente localização (pertinho da estação e a distância andável do centro)… Ok, arrumei rapidamente minhas tralhas e desci para o bar. Obviamente eu não sairia mais naquele dia. No bar, encontrei meus roomates italianos, que me convidaram a sentar com eles numa mesa cheeeia de gente. Cheguei lá e era tudo brasileiro. Aos poucos percebi que o bar estava tomado por diferentes grupos de jovens compatriotas. Só que não do tipo de brasileiro legal que encontrei em Berlim. 😦

Minha noite terminou com alguma socialização, algumas cervejas de primeiríssima por meros €3 e uma pizza ruim do próprio hostel.

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30 de dezembro, Dachau

Acordei e olhei a previsão do tempo no celular: alerta amarelo de neve. O aviso dizia ainda que somente naquele dia iria nevar cerca de 30 cm. Dá pra afundar a canela inteira… Desagradável.

No entanto, aprendi que quando neva a sensação térmica é maior do que quando está ensolarado. Não sei  explicar o porquê e nem tô afim de pesquisar.

Enfim.

Meu intuito era fazer [mais um] Free Walking Tour, só que a neve incessante desanimava. Optei pelo plano B, outra coisa que eu pretendia fazer estando em Munique: visitar o campo de concentração de Dachau. E foi o que eu fiz.

O hostel tinha um tour próprio para esse rolê. Custou €25, o que é muito caro, já que pra ir a Dachau é só pegar trem e depois ônibus (são 18km de distância de Munique), a entrada é gratuita e eles tem tours lá dentro por €5 . Ou seja: dava pra ter economizado no mínimo a metade… Mas beleza. Ao menos era um grupo pequeno: um canadense com dois filhos (um deles L-I-N-D-O), um filipino morando nos EUA e duas finlandesas. O guia, mais uma vez, não era local: era irlandês. Tinha sotaque forte e falava baixo. Odeio gente que fala baixo. Sou surda e não ouço.

Bom, Dachau foi o primeiro e um dos maiores campos de concentração abertos na Alemanha. Ele se distinguia de outros, como Auschwitz, por abrigar presos políticos. Desde padres com discursos libertadores até congressistas opositores dos nazistas, além de feministas, comunistas, anarquistas e tal. Inclusive, no uniforme deles, no lugar onde estaria a estrela de Davi, tinha um símbolo específico para marcar o “crime” do cara, ou seja, sua ideologia política responsável por tirá-lo da sociedade e obrigá-lo a fazer trabalho forçado em um campo de concentração. Mais tarde, no auge da segunda guerra, também teve sua cota de judeus, é claro.

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Acima, exemplo da vestimenta dos presos de Dachau. O triângulo vermelho no braço simbolizava o “crime” do condenado. O dono dessa roupa era um padre polonês.

Agora imagine usar apenas essa camada de roupa de flanela e uma pantufa e trabalhar forçado o dia inteiro sob essas condições climáticas:

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O campo também recebeu os rejeitados da sociedade alemã: gays, mulheres que não queriam casar e nem ter filhos (!), mendigos…

Dachau têm mais diferenças em relação a outros campos de concentração, e uma das mais importantes diz respeito às terríveis câmaras de gás. As câmaras em Dachau eram usadas apenas para pequenos grupos. 3 ou 4 pessoas por vez. Não era um assassinato em massa, como ocorria em Auschwitz…

Entre 1933 e 1945, Dachau registrou mais de 200 mil presos de 30 países. Estima-se que 40 mil não tenham sobrevivido às torturas e humilhações, às câmaras de gás, ao trabalho forçado e ao frio intenso.

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Memorial aos mortos de Dachau. Horrível, né? É para ser, mesmo.

Esse tipo de tour não é pra ficar tirando foto, obviamente. É para aprender. Para pensar. Para sofrer. Para nos darmos conta do quanto o ser humano é podre e que não há limites para a maldade.

De volta a Munique, precisava aquecer o corpo e o espírito – até porque eram 15h e eu estava em jejum absoluto desde a pizza vagabunda da noite anterior. Entrei em uma cervejaria quase na frente da estação de trem e mandei isso aqui:

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“Regensburger vom Grill mit Sauerkraut”, o famoso salsichão com chucrute. E cerveja, é claro. Consumi baldes de cerveja nessa viagem: no dia em que tomei só 500 ml fiquei orgulhosa da minha abstinência…

Devo dizer que não curto comida alemã. Não gosto de mostarda (só dijon, só que daí é francesa e não conta), não gosto de salsichão, não gosto de carne de porco, não gosto de repolho… Mas se estou na Alemanha não vou ficar comendo Mc Donald’s, né? O intuito é se aprofundar na cultura do país, e a comida é parte essencial disso…

Terminei de comer e pensei: quero beber mais.

Aproveitei o anoitecer (16h30, risos) e resolvi andar até uma cervejaria cultuadíssima, que um peguete me recomendou, dizendo que era mais agradável, mais barata e menos turística do que a famosérrima Hofbräuhaus (que um outro amigo praticamente me ameaçou de morte caso eu não fosse).

A caminhada foi curta, mas sofrida. Frio intenso e neve incessante. Carrinhos da prefeitura passavam a cada 5 minutos arrastando o excesso de neve das ruas e calçadas… Mas, mesmo assim, olha a situação:

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Pois bem: a tal cervejaria mais gostosa e barata que a Hobräuhaus é a Augustine-Keller. A cervejaria tem mais de 600 anos. Sua história começa em 1328!!! A bebida é produzida ali mesmo e segue os rígidos padrões bávaros de qualidade. Não é pouca porcaria, não! E olha a entrada, que coisa mais fofa:

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Provei a pilsen e a de trigo. Muito amor ❤

Para acompanhar, pretzel.

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Cerveja espetacular (daria a alma por um gole, agora) e um ambiente bem bacana. Lotado de fregueses locais – uma grande diferença da Hofbräuhaus, onde só tem turista. A experiência em ambos foi interessante, mas na Augustine dá pra curtir muito mais a comida e as cervejas. Depois falo da Hofbräuhaus…

Bem bêbada, voltei pro hostel e fui direto pro bar beber um pouco mais. hahaha. Fiz amizade com brasileiros e acabei a noite jogando sinuca com eles.

31 de dezembro, tour by my own & ano novo

Meu intuito, ao acordar, era o raio do walking tour. Mas nos dias 31 e 1º não tinha. Hahaha.

Beleza, faria o tour por minha conta, mesmo.

A neve finalmente tinha parado, o que tornou o passeio bem mais agradável. Fui andando até a Kaufingerstrasse, a principal rua de comércio de Munique, onde estão todas as lojas imagináveis (que obviamente não me interessam. Odeio fazer compras em viagens, puta costume de brasileiro babaca frequentador de Miami. Desculpa aê quem ofendi, era essa a intenção, mesmo).

A rua começa (ou termina? depende do ponto de vista) na Karlsplatz, onde tava rolando o quê, o quê? isso mesmo! uma feira de natal. Mais uma vez, arreguei e não tive coragem de patinar no rinque de gelo 😦

Um pouco mais adiante fica a lindíssima Marienplatz, a principal praça da cidade (onde eu voltaria mais tarde para a comemoração do ano novo). Nessa praça fica o fantástico prédio neogótico da prefeitura, ou Neues Rathaus. Na torre central fica o Glockenspiel, um daqueles tantos relógios europeus com showzinho em determinadas horas do dia – e eu dei a sorte de estar lá bem no momento de uma dessas apresentações. Bobinha, é claro. Pra turista ver… Mas já que estávamos lá, né?

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Dá para subir na torre, mas estava fechada durante os feriados de natal/ano novo.

Continuei andando. Passei Odeonplatz e entrei no Hofgarten, um parque bem bacana. Deve ser lindo e bombar no verão… Entrada dele:

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Atravessei e dei de cara com o Englischen Garten, o maior parque da cidade. Li em algum lugar que é maior do que o Central Park! De fato, o bagulho parece gigantesco no mapa… Mas segui sem entrar. Ia me perder naquela imensidão branca…

Atravessei o rio Isar para ver o Angel of Peace, que fica bem no meio de outro parque enorme que toma toda a margem do rio, o Maximiliansanlagen.

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Tava tudo tããão lindo branquinho. As águas do rio tão limpas, mostrando as pedrinhas do fundo… E aquela paz típica de feriados. Quase ninguém em lugar nenhum. Delícia de rolê.

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Voltei pela Maximilianstrasse, uma avenida enorme com um monumento x no meio. Deve ser o tal Maximilian. hahaha

Minha intenção era comer uma pizza recomendada por um amigo, mas não tinha pizza individual. Segui meu caminho. Novo plano: Hofbräuhaus. Entrei no pico e tava um caos. Não dava para circular de tanta gente (tudo turista com saco de compras nas mãos). Nas milhares de mesas espalhadas naquele enorme edifício, o povo tomava cerveja naquelas canecas que requerem as duas mãos para segurar. Uma banda tocava ao vivo músicas típicas com roupas também típicas. Divertido, mas bem estereotipado.

Mas deu preguiça de permanecer lá. New plan: comer alguma besteira na rua e ir pro hostel descansar antes do reveillón. Foi exatamente o que fiz.

Umas 21h30, já “pronta” desci pro bar e comecei a minha festa. Foram surgindo cervejas e shots sabe deus de onde.

Às 22h e pouco essa era a minha situação:

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É de se imaginar que não existe tradição de se vestir de branco por lá, né? Primeiro porque é temperatura negativa e poucos casacões são brancos; segundo porque a gente usa branco por causa de Iemanjá. Nossa linda cultura que bagunça as religiões todas <3. Obviamente não tem Iemanjá na Alemanha. hahaha

Não tem tradição de cores de roupas no ano novo europeu, mas um amarelinho vai sempre bem, né? Afinal, só com dinheiro no bolso pra fazer uma viagem dessas e ser feliz 🙂

Ia perguntando às pessoas ao redor sobre os planos de ano novo. A maioria iria para festas fechadas. Argh, nem fodendo. Ninguém iria à Marienplatz. Dá nada não: se estava viajando sozinha no natal e no ano novo, era de se esperar que eu passasse essas datas também sozinha. né?

23h e pouco saí. Minha ceia foi um falafel no tiozinho de kebab na esquina do albergue. hahaha.

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Pagando de gatinha no Kebab da esquina, só que não.

O caminho para a Marienplatz tava um caos, mó galera. Fora que a Alemanha têm uma legislação específica sobre fogos de artifício e rojões (me pergunto se o fanatismo no futebol tem a ver…): só é permitido comercializar e soltar fogos de artifício e rojões nos dias 30, 31 de dezembro e 1 de janeiro. Só que aí libera geral. Galera perde as estribeiras e até criança solta rojão na cara de amiguinhos. Bem perigoso, por sinal…

Graças à ajuda de um argeliano (!), consegui um bom lugar na praça e pude ver os fogos ~oficiais~ sem sofrimento. Fogos bem sem graça, aliás. Só barulho, fumaça, uns verdinhos e vermelhinhos no céu e nada mais.

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Nada de fogos de artifício formando palavras. Nada de champanhe voando no ar (quem quer se molhar quando está -5ºC, não é mesmo?). Nada da galera torta de bêbada cantando “adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize…”. Nada de contagem regressiva!!!

Mais uma vez entra o lance cultural: Europa é OUTRO rolê. Para verem como a cultura de celebração do ano novo é distinta, só nesse ano Paris oficializou a comemoração de ano novo na cidade (e foi um caos, pelo que me falaram. Organização no Rio dá de 10).

Voltei para o hostel. Bebi mais. Uns colombianos me pagaram tequila. A barwoman (?) me deu um shot de uma bebida cor de rosa. Pessoas me davam goles de bebidas bizarras. E assim acabou meu 2014 e começou meu 2015: bastante bêbada num albergue em Munique, socializando com ingleses, suíços, brasileiros e tantos outros que nunca mais veria na vida… Melhor ano novo. Sério.

1º de janeiro de 2015, hangover day + Hofbräuhaus

Depois de beber quantidades industriais de todas as bebidas imagináveis, obviamente não acordei bem. Aliás, mal dormi. Ressaca day se fez presente no meu começo de 2015. Só tive condições de sair da cama no começo da noite.

E essa é a merda de Munique: perdi um dia de ressaca na cama, mas esse dia não fez falta. Minha to-do list já estava quase completa.

Assim que me recuperei, pensei: beber.

hahahaha. juro.

Fiz o quê? Andei até o Hofbräuhaus.

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Tava bem mais decente do que o dia anterior, mas ainda assim impossível de conseguir lugar para sentar, ainda mais sozinha.

Bom, a Hofbräuhaus é uma das cervejarias mais antigas e tradicionais da Alemanha. Abre todos os dias do ano e chega a receber 30 mil pessoas em um único dia!!!

São 3 andares de um prédio enorme. Na parte de cima rola um pequeno museu com a história do lugar e o culto à cerveja. No meio, um biergarten, os jardim de cerveja ao ar livre famosos nas Oktoberfests (obviamente fechados no inverno).

Quase uma hora observando as pessoas, descobri o segredo: ou você ficava de pé esperando alguém em alguma mesa sair ou simplesmente pedia para a pessoa se apertar pq vc queria sentar. Olhei as mesas e optei por uma bem de frente ao palco dos músicos. Pelos menus cálculos, estavam sentados na mesa 4 grupos diferentes. 2 jovens amigos cabeludos, dois casais amigos e uma família. Do lado dos cabeludos tinha bastante espaço. Cheguei lá morrendo de vergonha e: “Can I join this table? Is there room for one more person…?”. Fui aceita numa boa.

Tomei um chopp escuro e uma cerveja de trigo. Não queria abusar depois de horas de ressaca, né? Ainda assim: a caneca do chopp tinha 500 ml. Um desbunde.

Observei que o prato mais pedido do lugar era um ossão cheio de molho. Eu sabia o que era: o joelho de porco, ou einsbein.  Só que em Munique não tem esse nome. Simplesmente pedi ao garçom “isso que todo mundo tá comendo”.

Ei-lo:

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Joelho de porco com dumpling. Não curto carne de porco, não gosto de comida alemã. Mas tava bem gostoso. A casquinha bem crocante e a carne bem molinha. Mas não aguentei comer nem a metade… Alemão é tudo ogro.

Enquanto isso, a banda cantava parabéns a você para a mesa ao lado, a maior festa. O povo batendo as canecas com força na mesa, gritando, brindando com estranhos. Clima bem Oktoberfest mesmo. Super legal.

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Vocês sabem que eu viajo sozinha, curto minha companhia, faço tudo sozinha numa boa. Ainda que eu tenha curtido o lugar, contra-indico a pessoas sozinhas. A Hofbräuhaus definitivamente é um rolê para grupos. amigos. casais. Sozinho não dá pra curtir nem 10%. “Faça amigos”, você diz? Não é um ambiente muito propício para isso, já que é, na verdade, um restaurante. As pessoas estão comendo e bebendo, e não dançando na pista, sabe?

A Hofbräuhaus é incrível e vale a pena conhecer, mas é basicamente um restaurante enorme, extremamente bagunçado, lotado e barulhento.

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Voltei pro hostel e capotei.

2 de janeiro de 2015, Füssen (Neuschwanstein Castle)

Na primeira noite em Munique conheci uma brasileira nojentíssima, daquele tipo de gente que repete “só no Brasil acontecem essas coisas, Europa é civilizada e maravilhosa”. Argh. Detestável. Mas ela foi útil porque me disse como chegar ao Neuschwanstein Castle numa tranquila, sozinha mesmo. Se ela, com um inglês porco e toda cheia de frescura foi com facilidade, que dirá eu, né?

De fato, facílimo:

€ 20 o percurso ida e volta de trem até Füssen, uma cidade a 2h30 de Munique; de lá, um dos 3 ônibus  que levam até os castelos. Coisa bem simples. E tem TANTO turista que nem dá pra errar.

O percurso Munique-Füssen foi extraordinário. Meu primeiro contato nessa viagem com o Alpes. E tava um dia meio azul. Foi lindo.

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Exceto pelo fato de os meus companheiros de cabine serem uma família com um filho de um ano. A certa altura o pai pediu para baixar a persiana por causa do pirralho. Eu falei que não. Que estava na janela porque queria ver as paisagens, sinto muito. Por que pessoas viajam com crianças pequenas? Certeza que é só pra infernizar outras pessoas. Eles falavam em espanhol entre eles, mas nem dei sinal de que estava entendendo. Nos comunicamos só em inglês. De qualquer modo, não falaram mal de mim. Acho bom, mesmo. Viajar com criança a lazer é uma escolha. Então se adaptem, porra.

Enfim. Ainda bem que venci a ~guerra~, porque a paisagem foi a mais linda que vi na viagem até então (Suíça obviamente deixaria isso no chinelo, mas eu ainda não sabia disso. Fiz uma EXCELENTE escolha deixando a Suíça por último).

O trem estava lotado e era tudo turista indo pro castelo. Dito e feito: chegando lá, a fila para comprar ingresso para entrar nos castelos demorava horas. Nem pensei duas vezes: vou andar até eles, curtir os visuais, mas não há necessidade de entrar.

São dois castelos: o Hohenschwangau

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e o Neuschwanstein.

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O primeiro, amarelinho e menor (mas muito bonito!) foi reconstruído das ruínas no século XIX. O segundo foi construído do zero pelo rei da Bavária, Ludwig II (filho do cara que reconstruiu o primeiro). A ideia era ser um castelo maior, mais bonito e num lugar ainda mais alto, “o estilo dos antigos cavaleiros germânicos”. Com as montanhas de Tirol ao redor, devo dizer que de fato é impactante. Pobre “castelo amarelo”.

Fui até a entrada do castelo. Uma bela subidinha… Mas UAU. Que lugar. Que paisagem! Que puta castelo lindo – que inclusive inspirou o Castelo da Cinderela, da Disney.

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Depois fui ao Hohenschwangau. Também lindo. Ele tem uma viela bem no meio, o que foi bem bacana para ter uma ideia melhor do castelo, já que não pude entrar. Várias bandeiras e pinturas com cenas medievais decoravam o lugar.

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Continuei andando e fui parar em um bosque. Tinham várias placas indicando trilhas. Peguei uma delas.

Só ouvia o som dos meus passos e o gotejar da neve derretendo do topo das árvores. E toda aquela neve intocada. Com uns 5 minutos de caminhada tive uma boa panorâmica do belíssimo lago turquesa.

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Difícil colocar em palavras a beleza daquilo tudo. A paz de espírito. Aquela sensação de que se eu morresse naquele momento, estaria plenamente feliz (tive essa mesma sensação outras vezes na viagem). De que a vida é linda. E que lugar maravilhoso.

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Andei um pouco mais. A cada passo, mais beleza.

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Tinha uma trilha que levava às montanhas, mas eram 2h30 de caminhada. Marquei mentalmente: um dia eu volto e faço isso.

Mas precisava ir embora, só tinha ônibus para Füssen até às 17h, já eram 15h e pouco.

No caminho de volta pensei: se eu tivesse conseguido entrar nos castelos, jamais teria como percorrer esses caminhos tão maravilhosos. Ainda bem que não entrei nos castelos!!!

Na estação de trem comprei um salgadinho trash e extremamente gordo e esse foi meu almoço.

Já era noite quando o trem partiu em direção a Munique. Chovia. Nada para ver, dormi o caminho inteiro.

No albergue, comecei a arrumar minhas tralhas. Quando cansei, saí para a Kaufingerstrasse com a ideia de, uma única vez, fazer um rolê consumista, já que tinha bastante dinheiro sobrando – não tinha gasto nem 1/3 do que pensava gastar até esse ponto da viagem!

Entrei em 400 lojas, aquelas grifes que brasileiro ama. Odiei tudo. Desisti.

Essa desistência foi linda para as minhas finanças, ainda mais com o real desvalorizadíssimo. No fim da viagem, pós-Suíça, sobraram mais de €500 que já tem destino . E para breve! 😉

Comprei um yakisoba e uma cerveja, levei para o hostel, comi e encerrei minha última noite em Munique.

3 de janeiro, pinacoteca e fim

Acordei, tomei café da manhã, terminei de arrumar minhas coisas, dei check out, deixei minha bagagem num quartinho do hostel e fui fazer um rolê cultural: fui à Nova Pinacoteca, ou Neue Pinakothek. Não que eu seja A entendida de arte. A maioria das obras era de artistas alemães, mas tinham quadros do Van Gogh, do Monet e do Cézanne também.

Em menos de 1h vi a pinacoteca inteira.

Voltei pro hostel, peguei minhas tralhas e fui pra estação do trem. Lá comprei uma salada para almoçar. Fiquei orgulhosa de mim, minha primeira refeição saudável desde o primeiro jantar em Berlim!

No trem, consegui sem ajuda colocar minha mala grande de 17 kg no compartimento acima de nossas cabeças. Duas velhinhas comentaram para mim, em alemão, “nossa, você é forte!” e a outra “é porque é jovem”. E eu entendi tudo. hahaha.

Mal sabia eu que seriam umas das últimas frases completas em alemão que eu entenderia. Crianças, o alemão da Suíça não é um pouco diferente. É totalmente diferente. Não é como comparar sotaque. Não dá nem pra comparar alemão suíço e alemão tradicional com português e espanhol. Eles não se entendem! Mas isso é assunto para o próximo post, sobre a Suíça. Ah, a Suíça…………….