O dia em que assisti as gravações do Castelo Rá-tim-bum

Fui uma criança feliz. Moderada, dosava horas de escola com horas de sono, de brincadeira e de tevê. Gostava de ficar em casa assistindo Carrossel, Chaves, Glub-Glub, Mundo da Lua, A Pedra dos Sonhos, Ratimbum, Castelo Ratimbum, Anos Incríveis, Confissões de Adolescente, Doug e afins, como todas as crianças. Mas também gostava de usufruir a grande estrutura do meu condomínio – piscina, salão de crianças, parquinho, quadra e grande extensão de jardins e estacionamentos para brincar, se esconder e bagunçar.

Foi uma boa infância, definitivamente.

Lembro até hoje de quando estreou Castelo Ratimbum. Eu tinha uns 8 anos e estava doida para saber que tipo de papel minha tia, atriz, irmã do meu pai, faria.

No primeiríssimo episódio viciei. E continuei sem saber da minha tia, que só apareceu uns 3 ou 4 episódios depois, como a Caipora, ser mitológico habitante das florestas brasileiras.

CARACATAU!

Lembram do primeiro episódio da Caipora? Tá lá no Youtube:

Como 10 em 10 crianças que conhecia, eu era absolutamente apaixonada pelo Castelo Ratimbum. Nada me tirava da frente da televisão durante aquela meia-hora que durava o programa.

Foi aos poucos que saí contando aos amiguinhos que a Caipora era interpretada pela minha tia, Patricia Gaspar (agora ela usa um ‘p’ a mais no Gaspar, lances de numerologia). A maioria não acreditava. Minha tia, assim como tantos outros personagens, usava muita maquiagem, a ponto de ficar irreconhecível.

Só sei que um grande orgulho de infância era falar por aí que minha tia era a Caipora. Hoje, 15 anos após o programa parar de ser feito, me orgulho ainda mais de ter uma tia que fez parte da infância de milhões de brasileirinhos 🙂

Em 1995, com 9 anos, minha tia deu um jeito para eu dar uma passadinha no Castelo – conhecer os atores, o cenário e assistir um pouquinho das gravações.

Acredito que fui a única criança a conseguir essa proeza.

A acompanhei na maquiagem e caracterização, conheci o estúdio, os produtores, os atores, o “por trás das câmeras” e assisti a boa parte das gravações do episódio em que as crianças não querem comer frutas e verduras, e a Caipora os convence a comer. Não achei no Youtube.

Vocês não imaginam o quanto as fotos a seguir circularam. É MUITO ORGULHO!

Com Zequinha, Biba, Caipora e Pedro antes das gravações.

Com Nino

Com a bruxa Morgana, na sala de figurino – olhem ali atrás as roupas do Dr. Abobrinha!

Na maquiagem, com a peruca da Caipora

Com as crianças e a cobra Celeste! Observação: a parede-sofá que dava acesso ao quarto do Nino realmente funcionava! E o quarto dele, com as paredes tomadas por HQ? UM SONHO!

Produção de uma cena em que Nino fica forte porque come vegetais hehehe

Com a Caipora na escadaria que dava acesso ao quarto da Morgana (em outro estúdio)

Mais cenário: atrás de mim, a caixinha de música

Pois é, gente. Uma lembrança pra guardar pro resto da vida! E agradeço demais à minha tia por ter me proporcionado isso!

Sobre gostar demais das pessoas

Um dia, eu tive um problema sério: dava muito mais importância aos meus amigos do que eles davam a mim.
Num mundo normal, gostar demais não seria um problema, mas para mim era. Cresci cercada de gente fechada, com a maior dificuldade do mundo em demonstrar o que sente. Daqueles que não rolava abraçar COM GOSTO sem ficar um puta climão, como invasão de um terreno estranho.

Na minha vida reina a não-reciprocidade, desde sempre. Eu amo alguém? Esse alguém não me ama, pelo menos não da mesma forma. (Aí repete essa fórmula 500 vezes = story of my life).

Eu deixava de fazer muitas coisas pelos meus amigos. Sou mão de vaca pra cacete, mas sempre me senti bem pagando coisas para eles. Eu me doava 100%. Me compadecia com as histórias, sofria mais do que os protagonistas. Em suma: amava mais do que era amada.

Mas aí o tempo passou, eu cresci, e a distância e a idade adulta se impuseram, me tornando aquilo que eu temia: alguém com dificuldade de expressar o que sente – pelo menos face to face, pq não há vergonha na internet. Alguém que valoriza bem menos os amigos. Alguém que vai preferir ficar em casa vendo séries sozinha à sair com amigos para um rolê não tão interessante.

Como pode? Em que ponto minha vida ficou tão chata? Eu sempre fui meio anti-social, amante da privacidade e do individualismo, mas eu tinha vida social. Eu tinha AMIGOS. Meus dias poderiam ser um tédio, como o são hoje, mas não eram. Tinha sempre alguém sugerindo de pedir uma pizza, de ficar na frente do condomínio conversando, de ir até a padaria ou de ficar na escadaria do prédio falando merda. Não tinha como sentir esse vazio que eu sinto hoje.

Tenho amigos que eu gosto muito, mas não é a mesma coisa. Nunca me doei aos outros como me doava a esses.

Aí foi aniversário de uma das melhores amigas que tive na vida, segunda-feira. Ela que me aprimorou na arte de dizer “eu te amo” e de abraço de verdade – se bem que ela fala tanto “eu te amo” que até desvaloriza; ela secou minhas lágrimas, ouviu minhas lamúrias, soube enxergar cor no preto e branco. Muitas, muitas vezes. Anos e anos seguidos.
Enfim. Foi aniversário dela. Óbvio que ela não atende celular, essa é uma característica nata dela. Daí lá fui eu no quase falecido Orkut dar parabéns. Na mesma página do scrapbook, recados de dois dos que um dia foram grandes amigos: um era o ex namorado dessa citada, outro… hm, difícil definir o outro. Amor platônico da adolescência, destinatário de dezenas de cartas de amor (sim, já fui dessas… – na real duas pessoas receberam cartas de amor minhas… esse e um outro, também do mesmo grupo de amigos. Eu sou uma completa idiota).

E os parabéns deles eram tão vagos… Como se falassem com uma desconhecida.

Como foi que nos separamos desse jeito? Dói, cara. Dói de saudade de um tempo que já foi. E que não volta, infelizmente. A gente mudou, cresceu…
Um dia eu tive amigos, e amei esses amigos. De uma forma ou outra, eles me amaram também. Me fizeram rir da vida, me animaram com as piadas idiotas deles. O fato de estarmos juntos era o suficiente.

E hoje não nos conhecemos mais.

P.S.: nos viamos todos os dias. O tal amor platônico era meu vizinho de porta. E hoje sabe há quanto tempo não o vejo? 1 ano e meio. Os outros, vi há alguns meses. Mesmo que todos estejam diferentes, foi um dos pontos altos do meu 2009.
Outro fez facebook recentemente e entrou no Mafia Wars e no Farmville (dois dos meus grandes vícios atuais na internet). Aí a gente fica trocando presente e eu fico feliz.

Pergunta de um milhão de reais: QUÃO TRISTE E PATÉTICA EU SOU?

OgAAABffIJgLchBzDEYUwS9XN85Kzk0mp5cfxPjHFIPXn6DeDpgv_94NBblKvXINL8BEdAY7ZenTGoYR5vo057qKN0gAm1T1UMxhzH8pGUcBn9kC4WUBgR3h4yH3Aí meu eu atual volta pra esse dia e grita para todos: SE ABRACEM! DIGAM QUE SE AMAM! ISSO VAI TERMINAR LOGO.

Mágoa do passado que nunca sarou

Eu sou o rancor em pessoa. Às vezes supero isso, mas quando fico mal consigo lembrar de coisas que aconteceram há 15 anos e de magoapouquíssima importância para outra pessoa. Esse caso aqui é bem mais recente. Não chega a doer, mas é meio frustrante. Escrevo como uma carta aberta, esperando do fundo da alma que a pessoa em questão chegue a ler. É difícil, mas quem sabe.

A quem possa interessar

Era uma vez uma grande amizade. Eu era uma grande amiga dele, e ele também era muito amigo meu. Essa história de grande amigo tá ficando recorrente, hein. De passar muitas horas todos os dias conversando, papo ilimitado.
E a idiota aqui meio apaixonadinha mas sem coragem de manifestar qualquer sinal, porque falou em falta de atitude, falou em Anamyself.
Após 4 anos, finalmente rola. Paixonite tensa, horas diárias no msn falando sobre o nada. Dormir abraçadinho, cantar música juntos, se ver quase todo fim de semana. Mas, amigos acima de tudo.
Aí começa a desandar, porque se algo dá certo é porque não é da minha vida que estamos falando.

Então, um dia:
Ana, precisamos conversar”
Quando dizem isso NUNCA é bom sinal. NUNCA. Sério. Fala isso pra mim que eu começo a tremer.
E realmente não era bom.
Ele contou que tinha outra, e que ela enrolava ele, mas ele tava louco por ela. Mas ele também gostava de mim – só que menos.
Mas eu tava com ele, ela não. Ou seja: eu era o step, a distração.
Suportei um período tendo ciência disso, aí minha dignidade me alertou e parei, porque né.
Isso até nos vermos de novo, abraça daqui, confessa coisas dali. Diz que pensou em mim, que quer me manter por perto… E zaz. E aí acabou.

ACABOU, I mean. Para sempre. Porque eu sumi – lógico, e ele desapareceu. Eu passei um tempo bem mal, mas então eu conheci outra pessoa que mudou tudo, enquanto ele conseguiu a tal que era a primeira alternativa. E nunca mais falou comigo. Nem eu com ele.

Deletou orkut, e-mail só volta, MSN nunca tá on. Sim, eu tentei mandar um e-mail dizendo: “Porra, precisa sumir não, tô com outro, tô feliz, não vou te agarrar”, mas voltou.

Eu poderia ficar puta com a situação que ele me fez passar – se bem que eu não fui obrigada a nada. Bom, na verdade fui, porque eu tava apaixonada e ele meio que se aproveitava da situação, dizendo coisas como “quando vou dormir é em você que eu penso”. Aí fode. Ok, passado o tempo isso é irrelevante. O que acaba comigo é ele ter dito durante todo o tempo, desde o começo, que acima de tudo éramos amigos, e devíamos manter isso. Lógico que eu concordava. Eu concordo. Amizade vem antes de qualquer coisa para mim.
Mas diz isso e some do mapa.

Valeu aí pela consideração.