Já se passaram 2 anos e meio e a certeza é cada vez mais forte: a Copa do Mundo no Brasil foi um dos melhores períodos da minha vida. Um mês inteiro de felicidade ilimitada.
Se tem uma coisa que me dói é conversar com alguém que diz, com orgulho, que não ligou a mínima para a Copa. “Foi bom para dormir” e coisas do gênero. Me dói, de verdade. Além da dor, é pena: essa pessoa não saboreou a alegria ímpar que só uma Copa no Mundo no país do futebol é capaz de proporcionar. Mais: uma Copa do Mundo no país que é conhecido por sua espontaneidade, por sua forma informal de tratar a tudo e a todos, de rir da própria desgraça.
Um dos lemas dos manifestantes anti-copa era “Copa Pra Quem?”. A Copa passou e podemos responder com segurança: COPA PARA TODOS NÓS. FOI LINDO.
Antes de mais nada, recomendo fortemente a leitura desse texto. Ia destacar um trecho, mas o artigo é todo maravilhoso. Leiam. Aliás, leiam todos os textos relacionados à Copa postados nesse site. Dá vontade de abraçar o computador, de tanta saudade ❤
Voltemos no tempo. Em 2007, quando foi decidido que o Brasil sediaria a Copa, eu fiquei genuinamente emocionada. Tal como Lula, Pelé e afins. Sim, depois caiu a ficha: corrupção, mandos e desmandos da Fifa, toda aquela podridão que estamos cansados de saber.
Aí o tempo passou, ~o gigante acordou~, veio toda a indignação. De todas as partes. Direita, esquerda, petralhas, coxinhas, corintianos, palmeirenses, flamenguistas, família, todos. Como um país cheio de gente pobre e carente de infraestrutura até em suas cidades mais ricas sediaria um grande evento como esses?
Não vou me alongar. Todos sabemos disso tudo e estou longe de ser uma boa pessoa para falar a respeito.
Só que eu nunca duvidei de que aconteceria e de que seria incrível.
Esse sentimento esteve guardado lá no fundo. Tão fundo que cheguei a esquecer. Até porque, imagine alguém dizendo, em junho de 2013, que a Copa seria incrível?
E aí chegou a Copa.
12 de junho de 2014
Acordei no feriado de 12 de junho, o dia dos namorados mais Dia dos Solteiros de todos os tempos, me sentindo diferente. (Ok, não só pela Copa, mas…)
No caminho para casa, senti a atmosfera de São Paulo totalmente diferente do que conheci até então, naqueles meus 28 anos de existência nessa cidade que a cada dia me surpreende.
Mas aquele clima me surpreendeu MAIS.
Todo mundo na rua. Vestindo amarelo (numa época em que usar a camiseta da seleção não tinha conotação política). Feliz. Genuinamente feliz.
Eu não sou a maior fã de futebol. Já tive fases de gostar, fui a estádios algumas vezes, mas nunca torci para ninguém e tampouco tive grandes emoções por conta do esporte.
Também não me lembro de estar tão eufórica com uma Copa do Mundo. As Olimpíadas sempre me motivaram, mas não a Copa do Mundo.
Em 2002, na Copa no Japão/Coreia do Sul, muitas vezes eu não me dava ao trabalho de acordar para assistir aos jogos no meio da madrugada. Em 2006, assisti a grande parte dos jogos sozinha em casa e a única coisa realmente interessante era ir para a aula na faculdade depois do jogo e ver todo mundo bêbado, até os professores. Em 2010, eu estava na Europa. No primeiro jogo do Brasil eu estava no trânsito para ir ao aeroporto. No segundo, estava em um passeio na Holanda e nem me importei. No terceiro, estava no show do Paul McCartney na Escócia com papai.
Diante desse cenário de total descomprometimento com o futebol, qual não foi minha surpresa em me pegar, logo na abertura da Copa, TOTALMENTE APAIXONADA E ARREBATADA? Pela Copa, é claro.
Agora que o evento passou faz tempo, sou só amor para falar a respeito. Assisti a grande parte dos jogos, sabia tudo o que estava acontecendo, conhecia os jogadores, torcia, sofria, pensava nisso o tempo inteiro.
Mas o grande lance não estava apenas dentro dos estádios. E é aí que o bicho pega. O clima das ruas nas cidades-sede era a coisa mais linda, impressionante, misturada, heterogênea e tantas outras palavras indescritíveis (de novo, leiam as matérias do site Trivela). Me dá um nó na garganta de tanta emoção. E tenho a mais absoluta certeza que foi a melhor Copa de todas.
Porque o povo brasileiro, apesar de todos os pesares e de todo o viralatismo das elites, é um povo maravilhoso, que faz o possível e o impossível para receber bem o turista – as Olimpíadas mostraram isso novamente.
Não sabíamos quem estava mais feliz com tudo: o gringo deslumbrado que descobriu as maravilhas e bizarrices da cultura brasileira ou os brasileiros descobrindo os gringos que queriam descobri-los etc etc etc ad infinitum.
Sabe qual é a merda de falar de algo que nos apaixona? É que as palavras não são suficientes. Acho que não estou fazendo jus ao que essa Copa proporcionou à minha vida. E à de outros. Cansei de ver amigos e conhecidos clamando aos quatro ventos o quanto a nossa copa foi sensacional, única.
Logo no 4º dia de Copa a imprensa internacional divulgou o primeiro texto falando bem – muito bem! – da Copa. Foi esse aqui, do Yahoo (o link original não existe mais)
Uma Copa de surpresas dentro do campo. Goleadas, grandes craques, hinos à Capela. América Latina viva e forte. Torcedores encantadores e encantados. Gringos de todas as partes invadindo todos os cantos de nossas cidades. Holandeses na Guarapiranga, Ingleses em Manaus, Argentinos em tudo que é canto, torcidas apaixonadas por suas seleções e curtindo TUDO que tem direito no Brasil.
Isso sem falar nas piadas incríveis, os memes, nas torcidas, na vibração.
O que tanta gente que diz que a Copa nem foi tudo isso jamais entenderá: o evento não se resumiu a futebol. Ainda que as partidas tenham sido, em grande parte, surpreendentes e maravilhosas, a Copa foi um momento ÚNICO na história do Brasil e de cada um de nós. Se você não viveu isso, APENAS SINTO. Sério.
Isso porque eu nem tive a oportunidade de ir ao estádio, assistir uma partida in loco! Imagina se tivesse ido!
A Copa foi maravilhosa. Obrigada por tudo. Nunca vou te esquecer, te amo eternamente ♥
Foto tirada logo após o 7×1